O Castelo Animado, de Diana Wynne Jones - Resenha
- Priscila Roseane
- 25 de mai. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 11 de jul. de 2022
"Na terra de Ingary, onde coisas como botas-de-sete-léguas e mantos de invisibilidade existem, é um verdadeiro infortúnio ser a mais velha de três irmãs. Todos sabem que é você que vai sofrer o primeiro, e maior, fracasso se as três saírem em busca da sorte."
Bem vindo(a) ao Afeto Diário! E é com essa prerrogativa, o fardo de ser a mais velhas de três irmãs, que embarcamos na história de Sophie, uma jovem com enorme senso de responsabilidade, que além de trabalhar na fabrica de chapéus do pai, ajuda ainda a cuidar das outras irmãs.

Apesar de ser talentosa, inteligente e muito bonita, segundo o próprio livro sugere logo no inicio, Sophie é a típica protagonista com síndrome do patinho feio. Mas acredite, aqui, em O Castelo Animado, essa característica não é usada para construir um romance clichê à la cinderela.
Traduzido do título original em inglês, HOWL’S MOVING CASTLE, o livro foi publicado pela primeira vez em 1986, pela editora britânica de livros infantis Metheun Children’s. Porém, a versão definitiva como conhecemos só seria lançada nos anos 2000. O romance ficou tão famoso que foi eleito pela revista Times como uma das fantasias mais icônicas de todos os tempos. Além, é claro, de ter inspirado uma das adaptações mais fantásticas do gênero, a animação de mesmo nome produzida pela Studio Ghibli e dirigida por Hayao Miyazaki. O diretor também foi o responsável por outros clássicos do estúdio, como A viagem de Chihiro, Meu amigo Totoro, Princesa Mononoke e entre outros.
A autora, Diana Wynne Jones, foi uma escritora britânica de fantasia e literatura infanto-juvenil com uma bagagem simplesmente impressionante. Com mais de 45 livros de sucesso publicados, uma de suas obras mais famosas, além de O castelo animado, é a serie de livros Os mundos de Crestomanci, que conta a história de um poderoso mago responsável pela supervisão do uso da magia dentro deste universo. A maior parte de suas histórias mostra esse apelo, a magia como algo intrínseco à vida dos personagens e fundamental para a construção de mundo.
Dos personagens
Falando sobre a minha experiência pessoal com O castelo animado, uma das coisas que mais me prendeu, além, é claro, da história, totalmente original e cheia de reviravoltas surpreendentes, foi a construção impecável dos personagens. Sophie, logo no inicio da história, é amaldiçoada por uma bruxa e transformada em uma velhinha de 90 anos. Sem saber exatamente o que fazer ao se olhar no espelho e ver que sua pele, antes jovem, agora está completamente enrugada e irreconhecível, ela embarca em uma jornada para tentar desfazer o feitiço. Mas a bruxa de quem ela está a procura é uma criatura poderosa, conhecida como a Bruxa das terras desoladas, responsável pelo desaparecimento de um dos maiores magos Ingary.
É após essa transformação que começamos a compreender um pouco mais a personalidade da protagonista, suas inseguranças e visão para lá de auto depreciativa. Tudo isso mostrado com uma sutileza e delicadeza que, na minha humilde opinião, é uma das grandes especialidades dos escritores britânicos.
"No entanto, o castelo continuou perambulando pelas colinas, e soube-se que ele não pertencia à Bruxa, mas sim ao Mago Howl. Este já era mau o bastante. Embora não parecesse querer deixar as colinas, sabia-se que se divertia colecionando garotas e sugando-lhes a alma. Algumas pessoas diziam que ele devorava o coração delas. Era um mago cruel e desalmado, e nenhuma garota estava a salvo dele se fosse apanhada sozinha."
Somos apresentados então ao Mago Howl, um jovem misterioso, bonito e muito galanteador, que possuí ainda um segredo que tornará a vida de Sophie ainda mais complicada. Sendo muito sincera, eu me diverti à beça desvendando junto com a Sophie todos esses quebra-cabeças ao redor de Howl, que é sem duvidas um personagem brilhante e cheio de cartas na manga que nos conquistam do inicio ao fim do livro. Ele consegue ser extrovertido, dramático e muito inteligente, além de um dos magos mais poderosos, capaz de enfurecer até a mais temida bruxa da história.
Considerações finais
O livro tem pouco mais de duzentas páginas e a leitura é bastante simples e fluida, podendo ser lido em pouco mais de alguns dias. A história é divertida e emocionante na medida certa também, nos fazendo querer descobrir mais sobre os fatos estranhos que acontecem quase que o tempo todo durante a narrativa, além de nos instigar a ir até o final para tentar desfazer a maldição junto de Sophie. Ou seja, vale muito a pena ser lido e relido.
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Muito Obrigada e até a próxima!
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