É preciso se reinventar

Livro físico ou kindle? Será que Rick Deckard é mesmo um replicante? E as I.A.s, vão mesmo dominar o mundo?

"– Ela sabe? – Às vezes eles não sabiam; foram muitas as tentativas de se criar memórias falsas, geralmente baseadas na equivocada ideia de que, através delas, as reações aos testes poderiam ser alteradas. – Não – replicou Eldon Rosen. – Nós a programamos completamente. Mas acho que no fim ela já suspeitava."

O dialogo acima é um trecho de um dos maiores clássicos de ficção cientifica, do autor Philip K. Dick, lançado em 1968, o famoso "Androides sonham com ovelhas elétricas?". O romance conta a história de Rick Deckard, um caçador de recompensas que trabalha para a policia exterminando androides que vieram ilegalmente para a terra fugindo de seus "donos". A trama envolve também um complexo debate a respeito de diversos temas muito atuais, ainda que a obra tenha completado mais de cinquenta anos de publicação. Como a complexidade da evolução das inteligências artificiais, o avanço da tecnologia e a relação entre criador e criatura.

Inteligência artificial

Se você é fã do gênero sci-fi, sabe que um tema bastante recorrente neste universo é a insurreição das I.As, que em algum momento se voltam contra os seus criadores humanos e provocam um verdadeiro pandemônio, muitas vezes culminando em um apocalipse e quase completa extinção da humanidade. Inúmeras obras, como Neuromancer, 2001: Uma odisseia no espaço, Matrix e entre outros, propuseram a discussão do tema mesmo antes dessas tecnologias serem aprimoradas.

Ainda hoje não é possível dizer com precisão onde já chegamos, uma vez que a tecnologia está em constante evolução e a maior parte desses processos acontecem sem que o restante de nós tenha devido acesso a essas informações. Ficando a cargo de grandes empresas, que usam essa tecnologia para otimizar seus recursos e se manterem na liderança da corrida cibernética, visando estar sempre a um passo a frente dos concorrentes, o controle e desenvolvimento desses mecanismos. Estamos, contudo, expostos o tempo inteiro à algoritmos controlados por essas inteligências artificiais dentro do ambiente da internet. Mesmo ao fazer uma simples pesquisa no Google, ou navegando inocentemente pelas redes sociais.

Evolução tecnológica vs Mão de obra humana

Se de um lado temos o incessante avanço da tecnologia, revolucionando e otimizando os meios de produção, de outro temos a obsolescência da mão de obra de base, facilmente substituível por maquinários de ultima geração capazes de produzir dez vezes mais e mais rapidamente. Incansáveis, as maquinas conquistaram nos últimos anos um enorme espaço em diversos setores da economia, levando a uma necessidade cada vez maior de mão de obra especializada para lidar com essa nova realidade.

Hoje a tecnologia está presente em cada momento de nossas vidas, em nossos momentos íntimos de self com quem amamos, ou na faculdade utilizando um livro digital. Para quem não sabe, o primeiro dispositivo de leitura digital foi fabricado em 1997, o Rocketbook, desenvolvido pela NuvoMidia.

Já é possível comprar passagens, roupas, pedir o jantar pagar as contas e fazer uma vídeo chamada para um amigo que está do outro lado do mundo, tudo isso com apenas um clique em nossos smatphones que cabem na palma de nossas mãos.

É claro que essa enorme revolução também abriu portas para novas profissões e profissionais que passaram a ser extremamente valorizados, como programadores, engenheiros de software e de bioprocessos. Cabe debater agora se as nossas instituições de ensino de base serão capazes de preparar nossos jovens para essa nova realidade no mercado de trabalho, ou se a nossa sociedade continuará reproduzindo o mesmo ciclo de exclusão que à anos permite que alguns níveis da educação só sejam acessíveis para uma pequena parcela da elite. O que mais tarde faz com que essas profissões se tornem supervalorizadas por serem desenvolvidas apenas por aqueles que tiveram o preparo necessário.

Ou seja, mais importante do que a tomada de controle da economia e das mentes humanas pelas I.As, é necessário levar a discussão a respeito da tecnologia ao âmbito da inclusão. Como fazer da tecnologia uma ferramenta para a revolução social?